segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Sobre o Pentateuco, tenho algumas observações.



É um erro pensar os escritos de Moisés, como se tivessem sido escrito quando nada no mundo havia sido criado.

O livro de Gênesis foi escrito por volta do ano 1400 AC. assim sendo, como Moisés pôde falar sobre algo que aconteceu milhares de anos antes de seu nascimento? Conforme cremos, o líder da peregrinação dos hebreus pelo deserto escreveu por revelação. Eu creio nisso!

Mesmo crendo, não posso descartar a ideia que me vem à mente, sobre o destinatário dos cinco primeiros livros do antigo testamento. Eles foram escritos para o povo dirigido por Moisés, naquele momento. É claro que Deus, na presciência, sabia da minha existência, mas Moisés, não!  Ele não era Deus, não era um deus, mas um homem bem preparado e usado pelo Senhor.

Partindo desse princípio, se eu quiser ter uma ideia melhor, sobre o pensamento de Moisés, devo entender o contexto em que aquele povo vivia. Os hebreus viveram sob a influência das mitologias pagãs, existentes na época, por toda aquela região. 

Ernest Gombrich, em seu livro “história da Arte” nos ajuda entender como as civilizações antigas comunicavam suas caças, obras, modo de vida e crença. Os estudos sugerem que eu pense naquele povo, como adeptos da mitologia pagã, mesmo seguindo o Deus de Moisés.
Então pergunto: Quais foram seus deuses? Como foram edificados seus templos? Como foram construídas e transmitidas suas crenças? Se olharmos as imagens dos deuses das civilizações antigas, perceberemos que muitos deles, foram representados por imagens que se assemelham aos animais, que, hoje, conhecemos bem. Nessa linha de pensamento, podemos falar de figuras que se parecem com a serpente.

Por que, por toda a bíblia, a serpente aparece como a representação do mau, ou um deus mau? Ao responder a questão, imediatamente, percebo o esforço realizado por Moisés, no Êxodo, para organizar o povo, de maneira que caminhasse civilizadamente pelo deserto do Sinai; vejo, também, como lutou para desconstruir a crença de que a serpente era deus e, ainda,  como fez para edificar a fé daquele povo, no Deus Único. 

Ao escrever sobre a queda do homem, Moisés não negou a existência do ‘deus serpente’, mas deixou claro, que o Deus Único humilhou o ‘deus serpente’ a ponto de ele perder as virtudes de falar, andar e ser amigo do homem. Mostrou, também, que o Eterno estabeleceu que a víbora se alimentaria do pó, que está por baixo dos pés do homem. Resumindo, Moisés colocou o ‘deus serpente’ muito abaixo do ser humano. Além do mais, assegurou que aquela humilhação, pelo qual a cobra passou no Gênesis três, foi apenas a primeira, porque anos depois, por meio do Cristo, viriam outras. Das que foram prometidas, algumas já aconteceram, mas outras, ocorrerão no futuro, conforme afirma a escatologia.


Além disso, o Pentateuco mostra-nos como Moisés utilizou muito bem os recursos retóricos, para fazer com que aquele povo atravessasse o deserto do Sinai, se desprendesse das crenças antigas e passasse a crer apenas em um único Deus, o Deus Criador. Nesse caso, fala-se de capacidade, de competência, do uso da inteligência para executar a obra de Deus, mas sobre esse assunto, falaremos no próximo post.

Nenhum comentário: