segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Particularidades narradas por João nos capítulos 21 e 21, do seu evangelho


Os capítulos 20 e 21 do evangelho de João chamam atenção para alguns assuntos que merecem nossa atenção. Eles sugerem que o escritor se preocupou em mostrar como o Cristo queria trabalhar a particularidade de cada pessoa envolvida nas cenas. Vejamos:

No capítulo 20, o apóstolo descreveu a ida das mulheres ao tumulo, a pedra removida, o tumulo vazio, os anjos dentro do tumulo, os lençóis e as faixas deixadas por Cristo no local onde o deitaram, o dialogo delas com Jesus e a entrega da notícia da ressureição a seus seguidores, como ele ordenara; narra, também, a chegada dos dois discípulos ao local do sepultamento, a entrada deles no sepulcro,  a reunião deles na casa, às portas fechadas, a segunda reunião, os dois aparecimentos do Messias entre eles, as saudações de paz, o envio do Espírito Santo e a constatação feita por Tomé. Apesar de que o apóstolo não se descreve como alguém que possuía percepção aguçada, ele conseguiu imprimi-la no texto.

Já no capítulo 21, João descreveu os discípulos na praia, a repentina ida à pescaria e o insucesso da empreitada; escreveu que Cristo deu ordem para que lançassem as redes à direta do barco e que a pesca foi um sucesso. Relatou, também, que os discípulos reconheceram o salvador apenas naquele momento, que Pedro pulou ao mar por estar sem roupas e a chegada do barco cheio de peixes, à praia; registrou, ainda, a fogueira acesa assando um peixe, a solicitação que Cristo fez por um pescado, o convite feito aos discípulos para comerem o assado; além da chamada específica que o salvador fez a Pedro, para apascentar ovelhas e cordeiros.

Esses capítulos sugerem o interesse de João em relatar as individualidades dos discípulos, na percepção das coisas.

Em primeiro lugar, João não viu as coisas que Pedro viu quando chegaram ao túmulo. Parece que quem mostrou mais objetos para o discípulo amado foi o apóstolo Pedro. Apesar disso, apenas João creu.

Apesar deles possuírem experiências profissionais como pescadores, pois era o que faziam antes da chamada divina, dá-se a impressão, de que, liderados por Pedro, repentinamente, os apóstolos resolveram pescar; mesmo que haviam deixado de executar a atividade enquanto seguiam o Cristo. O resultado dessa pescaria foi o fracasso, não pescaram nada! (João se descreve na cena como filho de Zebedeu, mas Pedro, que não creu, lidera o trabalho)

Além disso, o texto descreve que o salvador foi até eles, em alto mar, e ordenou que lançassem as redes à direita do barco, assim fizeram e pegaram 153 grandes peixes. Tal fato sugere que eles estiveram sem direção até o momento em que se encontraram com Jesus.

Outro ponto dentro dessa narrativa, é que a forma descrita por João sugere que o próprio salvador preparou um peixe, na brasa, para os discípulos comerem, quando retornaram à praia. Mesmo quando as coisas realizadas sem programação, dão erradas e nos rendem perda de tempo, o Senhor, sem o nosso pedido, se oferece para consertar.
Por fim, Jesus perguntou a Pedro, por três vezes, se ele o amava. Fato que no texto hebraico e latim, sugere que o discípulo ficou triste pelo quê da pergunta e não pela terceira vez que perguntou.

Nas duas traduções acima citadas, Cristo perguntou por duas vezes se Pedro o amava, mas na terceira, se era amigo. Então, após o último questionamento, Pedro ficou triste. No entanto, será que a tristeza foi motivada por que o salvador desceu o nível da pergunta, ou seja, de amor que dá a vida por alguém (diligis) por amor de amizade? Ou o discípulo sentiu-se frustrado por não ter correspondido a expectativa que ele mesmo apresentou, quando disse ao Senhor, “ darei a vida por ti”? Uma coisa é perguntar se você me ama, outra, se é meu amigo.

2 comentários:

Unknown disse...

A paz Pastor Marcos Cruz sabe o que entendo com a narrativa abordada.
Quando seguimos nossa caminhada fazendo tudo ao seu tempo a ao seu momento isso não quer dizer que as frustrações e fraquezas do caminho não virão.
Pedro por sua vez foi enganado por sua própria fragilidade como ser humanoSei que Pedro amava sim Jesus mas lhe faltava algo que nem ele entendia como homem comun.A presença de Jesus marcante na vida de Pedro digo:O Espírito Santo. Veja no livro de Atos .Como Pedro muda a sua atuação com segurança; com ousadia; com intrepidez.

PR MARCOS CRUZ disse...

Obrigado pelo comentário. Seja sempre bem vindo!