sábado, 26 de dezembro de 2020

A vergonha de olhar para os próprios atos

Hoje, 25, os telejornais noticiaram os horrores provocados por pessoas que participavam de bailes funk, realizados na cidade de São Paulo. Durante a matéria, as bebidas, drogas, armas, sexo, brigas e tudo mais foram os destaques dos links e, posteriormente, dos VTs.
Me chamou atenção o fato de os comentaristas e apresentadores se mostrarem estarrecidos com as cenas que viam, transmitiam e comentavam. Para eles, aquilo era inadimissível.
Enquanto a matéria era exibida, pensei: será que sentem vergonha ao ver as cenas? Estão com vergonha ao ver o que o homem é capaz de fazer? 
Nas cenas em questão, pessoas subiam no teto dos automóveis, esmurravam os carros dos motoristas que tentavam atravessar a multidão e coisas desse tipo.
Ao contemplar a narrativa construída pelos jornalistas e comentaristas e cinegrafistas, imediatamente, fui levado a pensar sobre o texto de Isaías 52.14, que diz: "como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado". Vou explicar:
Em primeiro lugar, não pense que estou atribuindo aos presentes nos eventos reportados pela matéria em questão o mesmo sentido salvifico dado a Jesus Cristo. Não! Minha perspectiva é sobre as pessoas comuns, anônimas ou não, envolvidas na cruscificação. 
Segundo o profeta, as pessoas que iriam pedir para ferir, machucar e desfigurar o Messias, depois de feito, não teriam coragem de ver o resultado do que pediram para fazer.
Foi exatamente isso que presenciei hoje: os apresentadores dos telejornais, espantados, não conseguiam identificar aquelas pessoas como cidadãos normais, antes comentavam: " Não acredito que um ser humano faça isso!", referiam-se aos jovens que cercavam um automóvel e o esmurravam enquanto este atravessava a multidão.
Sendo assim, minha pergunta é: quem transformou pessoas normais em seres irreconhecíveis, como as que foram apresentadas nas reportagens publicadas pela TV Record? 
Entendo que uma parte da sociedade não consegue  contemplar o fruto de seu próprio trabalho. Ela sente vergonha quando vê o que pediu para fazer. 
Sim. As atitudes apresentadas pelas pessoas que aparentavam estarem bêbadas e drogadas, que impediam o trânsito de trabalhadores, moradores e outros que precisavam trafegar pela rua, talvez, de sua própria casa,  resultam da liberação de bebidas, de drogas, de crimes, de sexo e muitas outras coisas que uma parte da sociedade luta para que o ser humano tenha liberdade e direito de fazer e usar. 
Igualmente fizeram com Cristo.  Pediram para que ele fosse espancado, vilipendiado e crucificado , mas depois de feito, não tiveram coragem de ver a obra que pediram para fazer. E quando viram "esconderam o rosto". 
Para mim, toda maldade presente nos eventos noticiados nos telejornais de hoje representa, exatamente, o que está no interior das pessoas que lutam por liberdade de usar drogas, beber álcool livremente e fazer tudo o que quiser de forma livre e desempedida. O pior é que depois que vêem o resultado dizem: "não acredito que tivemos coragem de pedir pra fazer isso! Não acredito que essa maldade estava dentro de nós".

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