quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Pancadão da família, domingo as 18 horas

Funkeiros cantam e dançam na catedral da AD em Mdureira

A busca para alcançar grandes massas tem feito com que muitos pastores lancem mão de “tudo”, no processo evangelístico. Meios que outrora foram condenados pela igreja, agora são aplicados tranquilamente, como se nada mudara. Foi assim com a guitarra, bateria, televisão e outros.
Nos últimos dias, temos visto a igreja mergulhar nas batidas do funk carioca e entrar na onda dos cantores que se intitulam evangélicos, mesmo que suas letras fazem apologia ao erotismo e, nos shows, apresentam performance totalmente sensual.
É o caso da funkeira, carioca,  Viviane Queiros ,23, que mesmo com as músicas “bota tudão”e “ perdendo a linha” entre outras, se declara evangélica, e chegou a ter, no mês de janeiro, um relacionamento com o pastor da Igreja Pentecostal Tempo de Milagre, Leonardo Sale.  Pocahontas não vê problemas em conciliar a carreira artística com a fé, por que segundo ela “ só faço bem para as pessoas”, declarou em entrevista ao g1.
O problema não é a cantora se declarar evangélica, mas a igreja evangélica pentecostal assimilar a musica funk e inseri-la no culto.
O arranjo surgiu nos Estados Unidos na década de 60, com pianista Horace Silver, que uniu o jazz e o soul, e criou o “Funk Style”, mas as posições elevadas nas paradas de sucessos, só veiaram através de James Brow.
No Brasil, na década de 80, a equipe de som Furacão 2000, foi responsável pela introdução e massificação do toque através dos bailes dançantes.  Embalado pela conhecida “loura do funk”, Verônica Costa, na época, esposa de Romulo Costa, dono da equipe, o balanço deu os primeiros passos no sentido da sensualidade. Alguns anos depois, surgiram os “bondes”, e hoje, está impregnado em boa parte da sociedade brasileira.
A forte penetração que o ritmo alcançou na juventude fez com que algumas igrejas do movimento pentecostal tradicional, como Assembleia de Deus Ministério de Madureira, presidida pelo pastor Abner Ferreira, abrisse as portas da catedral para as primeiras apresentações de cantores e dançarinos de funk em Julho de 2012. Desde então, não poucos pastores tem dado oportunidade aos “MCs”, a fim de se apresentarem nos cultos. Apoiado pelos embalados movimentos de Aline Barros, na música “Dança do Pinguim”, o ritmo avança e cria, na base, a aceitação da música funk.
O fato é que além de Pocahontas se dizer evangélica, mesmo com toda a apologia que faz ao erotismo, outros cantores também se revelaram como “funkeiros gospel”. então me pergunto, até quando as igrejas que se abriram para os “funk gospel”, se manterão fechadas, para o
pesadão, proibidão e outros?
Creio que a sedução pelo grande público fará com que pastores se prostrem rapidamente aos diferentes estilos musicais, independente do que cantam ou dançam. Desde que tragam capital social para a igreja, podem promover o que quiserem. Penso que na batida do funk, muitos pastores se tornarão empresários, os templos em casas de shows, os membros em públicos, mas os artistas não precisarão se transformar em nada, pois os mesmos já são e estão na igreja, apenas se revelarão.
É possível que num futuro próximo o “pancadão da família” será uma realidade para todos os domingos, a partir das 18 horas, nos templos evangélicos.

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