sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

A CRIAÇÃO DE UMA ASSESSORIA DE IMPRENSA NA IGREJA SECULARIZA A INSTITUIÇÃO?

 

Imagem ilustrativa de um assessor de imprensa, num templo, redigindo um comunicado. Produzido pelo autor, com auxilio de IA.  

Há poucos dias, no programa “Começando o dia com Deus”, programa que vai ao ar pelo YouTube, Facebook, Instagram, Tiktok e outras plataformas, no minuto de notícia, um quadro onde leio e comento notícias de diferentes veículos de informação, noticiei um comunicado emitido por uma grande igreja pentecostal brasileira, comunicando que a partir daquele momento seriam proibidas algumas práticas, vestimentas e cortes de cabelos para membros da instituição. O comunicado caiu mal na rede mundial e foi criticado pela ala militante da sociedade brasileira, por isso, a igreja emitiu uma nota se retratando do que tinha dito e ainda alegou que o comunicado tinha sido mal escrito.  


Esse evento me fez pensar na necessidade de grandes igrejas criarem um ministério dedicado a relações públicas, assessoria de imprensa ou algo do tipo, para produzir esses materiais. É constrangedor para qualquer instituição emitir um comunicado, mas, depois da repercussão na sociedade, desqualificar o que foi escrito e ter que se retratar. Quando li os dois – o comunicado e a nota – notei essa necessidade. 

Para quem não sabe, uma assessoria de imprensa, por exemplo, seria responsável por transmitir as informações passadas pela diretoria da instituição, mas antes de emitir o comunicado pesquisas seriam realizadas, manuais, leis municipais, estaduais e federais, além dos departamentos jurídicos, seriam acionados para ver se o que se propõe a comunicar está de acordo com as leis vigentes, e a igreja se isente de responder judicialmente pelo que disse. Certamente as informações contidas no texto passariam por esse processo e o problema evitado. Ou, se confirmadas pela diretoria da igreja, mesmo depois de alertada dos possíveis efeitos negativos, publicadas. No entanto, por que igrejas não estruturam uma assessoria de imprensa?


Sabemos que um dos fatores é a questão financeira, afinal, seriam necessários alguns reais (R$) para contratar jornalistas ou pessoas capazes de executar esse trabalho. Outra forma seria aproveitar estudantes de jornalismo, relações públicas e outros, que estão no pátio da igreja, para exercer essa função. Se isso acontecesse seria uma grande oportunidade para os todos os envolvidos. Até penso que entraria como estágio não obrigatório, já que algumas universidades requerem cerca de 400 horas de estágio obrigatório e não obrigatório. Se isso ocorresse seria uma grande oportunidade para todos e evitaria constrangimentos, como mencionei anteriormente. 


Entretanto, existe a seguinte questão:  criar uma assessoria de imprensa na igreja colocaria a instituição na rota da secularização? Antes de responder, devemos levar em conta que ainda persiste, entre alguns setores do movimento pentecostal, a ideia de que “Deus vai relevar as palavras certas para compor comunicado”.


Enquanto grandes ministérios não investem nisso, o problema se agrava e as ocorrências demonstram total despreparo de determinadas igrejas para emitir um comunicado. Entendo que existem coisas que não precisam ser reveladas pelo Espírito Santo, mas devem ser aprendidas no ambiente acadêmico, como num curso de comunicação. Lembre-se de que a atual sociedade, 2024, requer esse tipo de conhecimento técnico de quem comunica, e isso não significa secularizar a igreja. Penso!

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