quarta-feira, 26 de março de 2025

EVANGÉLICOS CRIAM MAIS OPORTUNIDADES DE TRABALHO NO BRASIL

 

Nesta terça-feira (25), veículos de imprensa do segmento evangélico noticiaram que igrejas evangélicas favorecem a empregabilidade no Brasil. As matérias se baseiam no estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicado no portal da instituição, em junho de 2022.


No estudo, pesquisadores apontam que o ambiente evangélico amplia as relações dos fiéis proporcionando trocas de informações que podem resultar em colocação ou recolocação no mercado de trabalho. Além disso, a credibilidade e a imagem associada a honestidade dos evangélicos favorecem a contratação no momento de seleção. Esse movimento, certamente, é efeito do crescimento do número de evangélicos, como apontam dados do IBGE 2010/2022.

Imagem gera por IA Canva


Outro ponto do estudo que deve ser considerado está no empreendedorismo e na ascensão de evangélicos aos cargos estratégicos nas empresas de diferentes setores. De acordo com os pesquisadores, o Brasil está passando pela “descatolização” e aponta que a população evangélica será maioria a partir de 2030. Diante disso, é notório que ocorrerá grande transferência de valores no campo empresarial, ou seja, grandes empresas estarão sob controle dos evangélicos.

E não podemos pensar apenas no campo empresarial, ultimamente tem sido recorrente a preocupação de determinados espectros políticos com o poder dos evangélicos de decidirem eleições no Brasil. De olho nisso, o Partido dos Trabalhadores (PT) e outros do mesmo espectro tentam dialogar com esse segmento demonstrando a força adquirida pelo setor. Isso fica ainda mais claro quando averiguamos o número de evangélicos em evidência nos esportes, política, educação, imprensa, indústria e por aí vai.

Entretanto, se compararmos os objetivos dos missionários escandinavos com os dos atuais protagonistas constataremos o tamanho da mudança. Se no início do século XX, os pentecostais se afastaram da política, educação e de outras áreas por causa do discurso escatológico, agora, em 2025, mesmo crendo na escatologia da mesma forma, há um movimento gigantesco assembleiano em direção aos diferentes setores da sociedade. Nisso me incluo.

O saudoso Pastor Morris Cerullo já pregava isso. Em seu livro “A Última Grande Transferência de Riqueza”, partindo de eventos registrados na Bíblia, em que o povo de Deus passou a administrar riquezas existentes, enxergava essa transformação social, política e financeira. Em resumo, ele disse que a riqueza que está nas mãos dos ímpios será transferida para as mãos do crente, porque os ímpios se converterão, e os crentes, ascenderão ao poder.

O fato é que o crescimento da população evangélica no Brasil afetará todos os setores da sociedade e resultará em maior colocação dos evangélicos nos principais postos de trabalho. Resta questionar se o Brasil viverá o que Weber observou em seu estudo denominado “Ética Protestante o Espírito do Capitalismo”: será que os ímpios terão que se converter para serem contratados pelas empresas? Sei lá!




segunda-feira, 17 de março de 2025

SUNSET GOSPEL: A VERTENTE DE CULTO QUE TEM ABALADO JOVENS GOIANOS

 Igreja em Goiânia lança balada gospel e prega não se preocupar com política do “cancelamento”



Print de tela do vídeo postado pela igreja no Instagram


Uma igreja em Goiânia, Igreja Casa, publicou em sua página no Instagram aquilo que poderá transformar o conceito de balada em culto - sunset gospel. O evento realizado ao cair da tarde na cidade atraiu atenção de jovens da região e conquistou milhares de interações de seguidores nas redes sociais, que expressaram diferentes opiniões. A igreja coleciona polêmicas pelos cultos realizados, como o “vem novinha”.

Apesar de oficialmente não constar muitas informações nos perfis oficiais da igreja, o evento foi descrito pela instituição como abastecido de “muita comida boa, comunhão, drinks sem álcool e um ambiente surreal”. Em outra parte do post, ela alega que a proposta foi inovadora e serviu como a primeira de “muitos da natureza”.

Numa breve leitura dos comentários no post, encontramos depoimentos de pessoas que participaram tanto da sunset como da igreja. Num deles, um participante descreveu a sunset como sendo o “melhor evento que participei nos últimos tempos! Como é bom ser Casa 😍😍👏👏👏”. Já outro, em tom mais crítico, comenta: “melhor que muitas baladas da cidade”.

Em outra interação, uma ex-frequentadora da igreja testemunhou como se sentiu quando visitou a comunidade: “gente, vocês não entendem o quanto é satisfatório você sentir a presença do Espírito Santo lá, nessa igreja estranha. [...] Fui visitar e até hoje lembro de como fui surpreendida naquela noite...detalhe: não conhecia ninguém lá, mas na hora que desabei, vieram irmãos me socorrer. Lá, nessa igreja "estranha", você é tratado como irmão. O púlpito não é só para pastores e sim pra quem chega e quer sentar lá”, disse a pessoa por meio de comentário na rede social da igreja.  

A ideia ascende um sinal de alerta para os cristãos e pastores das demais igrejas: para qual direção o culto evangélico caminha? Ao notar os elementos da postagem, percebemos que uma voz, provavelmente do Dj, sugere que tanto a igreja como os participantes do evento estão pouco preocupados com a política do cancelamento. Em nossos dias, ser cancelado significa ser criticado, perder seguidores e por vai.

Numa publicação no site Politize, a escritora Regina Folter diz que “cancelar alguém significa boicotar essa pessoa, normalmente um artista ou celebridade, por algo que tenha dito ou feito e que seja considerado moralmente errado ou politicamente incorreto de acordo com os padrões do grupo no qual você está inserido”. Nesse sentido, compreendemos que a voz que ecoa na postagem da Igreja “prepare para ser cancelado”, precedida pela outra que alega que “este é o show”, incentiva o público a participar do show de cancelamento.

Há algum tempo vemos igrejas se associando com casas de shows. Na tentativa de se comunicar com gerações mais jovens, algumas igrejas adotaram cores, cenários, figurinos e outros elementos que, grosso modo, criam sentido de descolamento do tradicional e que atendem demandas desse público. Ocorre que a proposta da Igreja Casa arroja e assume características de balada -no sentido mais completo da palavra- regada a drinks sem álcool.

Outro ponto coletado na leitura dos comentários está no público que motiva abertura de filiais em outras cidades e estados. Partindo disso, podemos questionar: será mais um “nicho gospel” encontrado por alguém? Sobre nichos falarei posteriormente, no entanto, se já se notam igrejas, incluindo, pentecostais, escurecendo suas paredes e transformando cultos em shows, ancorados na esteira de obterem melhor fotografia e atrair jove, o que podemos esperar como próximos passos?

Continuarei noutros posts.

domingo, 16 de março de 2025

Qual é o papel da Escola Dominical?

Revista lições Bíblicas: da internet

A Escola Dominical precisa ser reconhecida pelo seu alcance e importância pela comunidade evangélica. Mas será que isso tem acontecido? 

É claro que essa questão somente pode ser respondida individualmente, e mesmo que verbalmente nem todos digam que a desprezam, a forma que tratam essa instituição anuncia claramente a importância dada aos estudos dominicais.

No entanto, alguns pontos levantados a seguir auxiliam no auto exame, já que as respostas são individuais. Os pontos são:

  • Nos projetos de construções das igrejas constam salas de aula?
  • As lições bíblicas estudadas no último domingo são ruminadas em casa pelos estudantes;
  • Os analfabetos que frequentam a ED deixam essa condição?

Mencionei apenas três campos nos quais a ED pode atuar, a saber: instituição, família e comunidade, exatamente, por questão de espaço e tempo, mas o assunto pode ser tanto aprofundado como alargado.

É triste ouvir aos domingos o discurso do improviso "arrume um canto para essa sala, pode ser aqui ou..." e não ter espectativa de mudança. Esse sermão diz que apesar de ser o que é, como instituição, nas Assembleias de Deus (não em todas) a educação ainda não ocupa o espaço que precisa e merece.

Se pela análise do discurso, a instituição ainda não dá a devida importância à Escola Dominical, a questão fica pior quando passamos a olhar no campo da família. 

Por onde andam as revistas Lições Bíblicas dos estudantes. Grosso modo, pode dizer: nos painéis dos carros, no meio das páginas amareladas da Bíblia, na estante, no rack da sala e por aí vai. Não sei dizer quantos as mantém na escrivaninha do escritório, ao lado do computador ou em outros ambientes de trabalho ou estudo, mas sei que existe esse dado e pretendo busca-lo para entender esse universo.

No entanto, se o exemplar está sumido ou deixado em qualquer lugar, imagine o assunto contido nele? Como muitos alunos não entenderam o assunto da última lição, pressuposto está que não entenderão os próximos, por isso, sequer os temas serão comentados e discutidos com a família no decorrer da semana.

Por fim, o último patamar da minha reflexão fala da própria Escola Dominical. Ver um analfabeto ir à casa das letras, mas voltar para casa na mesma condição é o mesmo que o médico que não sabe que é médico, por isso, não receita remédios para o doente, ou o mecânico que não conhece ferramentas,  nem mecânica e por aí vai. Pode analfabetos frequentar a escola da igreja e continuar sendo analfabetos!? Não sei você, mas em muitas igrejas essa condição de alguns membros não provoca nenhuma reação.

Como mencionei anteriormente, não tenho pretensão de esgotar esse assunto porque é parte de minha pesquisa de doutorado em teologia, no entanto, ao longo dos próximos anos vou discorrer sobre esse assunto ancorado na interdisciplinaridade, com predominância nos pressupostos teóricos da teologia prática.


Ore por nós