É um erro pensar os escritos de Moisés, como se tivessem sido escrito quando nada
no mundo havia sido criado.
O livro de Gênesis foi escrito por volta do ano 1400 AC. assim sendo,
como Moisés pôde falar sobre algo que aconteceu milhares de anos antes de seu
nascimento? Conforme cremos, o líder da peregrinação dos hebreus pelo deserto
escreveu por revelação. Eu creio nisso!
Mesmo
crendo, não posso descartar a ideia que me vem à mente, sobre o destinatário
dos cinco primeiros livros do antigo testamento. Eles foram escritos para o
povo dirigido por Moisés, naquele momento. É claro que Deus, na presciência,
sabia da minha existência, mas Moisés, não! Ele não era Deus, não era um deus, mas um
homem bem preparado e usado pelo Senhor.
Partindo
desse princípio, se eu quiser ter uma ideia melhor, sobre o pensamento de
Moisés, devo entender o contexto em que aquele povo vivia. Os hebreus viveram
sob a influência das mitologias pagãs, existentes na época, por toda aquela
região.
Ernest
Gombrich, em seu livro “história da Arte” nos ajuda entender como as
civilizações antigas comunicavam suas caças, obras, modo de vida e crença. Os
estudos sugerem que eu pense naquele povo, como adeptos da mitologia pagã,
mesmo seguindo o Deus de Moisés.
Então
pergunto: Quais foram seus deuses? Como foram edificados seus templos? Como
foram construídas e transmitidas suas crenças? Se olharmos as imagens dos
deuses das civilizações antigas, perceberemos que muitos deles, foram representados
por imagens que se assemelham aos animais, que, hoje, conhecemos bem. Nessa
linha de pensamento, podemos falar de figuras que se parecem com a serpente.
Por
que, por toda a bíblia, a serpente aparece como a representação do mau, ou um deus
mau? Ao responder a questão, imediatamente, percebo o esforço realizado por Moisés, no Êxodo, para organizar o povo, de maneira que
caminhasse civilizadamente pelo deserto do Sinai; vejo, também, como lutou para desconstruir
a crença de que a serpente era deus e, ainda, como fez para edificar
a fé daquele povo, no Deus Único.
Ao
escrever sobre a queda do homem, Moisés não negou a existência do ‘deus
serpente’, mas deixou claro, que o Deus Único humilhou o ‘deus serpente’ a ponto
de ele perder as virtudes de falar, andar e ser amigo do homem. Mostrou, também, que o Eterno estabeleceu que a víbora se alimentaria do pó, que está por baixo dos pés do homem.
Resumindo, Moisés colocou o ‘deus serpente’ muito abaixo do ser humano. Além do mais,
assegurou que aquela humilhação, pelo qual a cobra passou no Gênesis três,
foi apenas a primeira, porque anos depois, por meio do Cristo, viriam outras. Das que foram prometidas, algumas já aconteceram, mas outras, ocorrerão no futuro,
conforme afirma a escatologia.
Além
disso, o Pentateuco mostra-nos como Moisés utilizou muito bem os
recursos retóricos, para fazer com que aquele povo atravessasse o deserto do
Sinai, se desprendesse das crenças antigas e passasse a crer apenas em um único
Deus, o Deus Criador. Nesse caso, fala-se de capacidade, de competência, do uso
da inteligência para executar a obra de Deus, mas sobre esse assunto, falaremos
no próximo post.
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